Fabio Gonçalves de Rueda. Assim, sem acento mesmo, diferente da gente simples. Na arena política, entre todas as “generosidades” do povo acreano, esta chama atenção pela rapidez como as coisas aconteceram para este pernambucano, nascido há 47 anos, na Veneza Brasileira. Se a história do Acre é uma história de acolhimento, no caso em questão, é preciso oferecer o complemento “atrativo a todo custo”.
O talento como cirurgião geral e como cirurgião cardiovascular colocou o Acre na rotina do político profissional. Nesses mutirões cirúrgicos, periodicamente feitos em estados onde carecem de médicos especializados, Fabio de Rueda descobriu o Acre. Foi há pouco tempo, ainda na última gestão petista.
Entre uma e outra safena, rapidamente o bisturi de Rueda revelou capacidade de construir outros tipos de pontes. Quando o Palácio Rio Branco era dirigido pelo PT dos últimos tempos, o nome do médico pernambucano começou a transitar em círculos oficiais e na crônica política local. Timidamente, ainda sem muitas pretensões. Apenas “conversas sobre política”, com muitos sorrisos, amenidades e, claro, algum cálculo. Não demorou muito tempo para que o político profissional vestindo jaleco percebesse o terreno fértil que o Acre lhe permitia de peito aberto.
Era o mesmo tempo em que o irmão, Antônio de Rueda, fortalecia, como advogado, relação quase filial com o deputado federal por Pernambuco Luciano Bivar. Aliás, Antônio de Rueda. É bom anotar com destaque este nome também. Logo se verá o porquê.
Entre idas e vindas, na ponte aérea Rio Branco e Recife (contém ironia), Fabio de Rueda foi ficando: a generosidade do Acre lhe foi permitindo ousadias. Mas talvez por uma questão de prudência e (quem sabe?) estratégia, mantém inscrições ativas em dois conselhos regionais de Medicina. Uma no Acre e outra em Pernambuco. “Para um médico comum, isso não é muito barato”, diz um colega de jaleco. Questões de cifras serão detalhes para tanto talento.
Em 2022, embalado pela onda conservadora e de continuidade à rejeição ao Partido dos Trabalhadores, Fabio de Rueda candidata-se a deputado federal pelo União Brasil do Acre.
No total de capital declarado à Justiça Eleitoral, Fabio de Rueda disse ter exatos R$ 2.115.805,92. São bens que estão entre residência na disputada região de Gravatá, no agreste pernambucano, à aristocrática comunidade de Casa Forte, endereços de elite do Estado de Pernambuco.
A carteira de investimentos é diversa, segundo declarou ao Tribunal Superior Eleitoral: transita de participação como cotista em empresas, fundos de renda fixa e fundos de investimento e comete até a humildade de ter aplicação em uma caderneta de poupança, à época com modestos R$ 18,8 mil. Nada que a honesta rotina de um médico não possa comprovar.
O problema é que o cenário permissivo que o ambiente político acreano ofereceu a Fábio de Rueda também mudou as cifras a que o político profissional passou a administrar, apoiado pelas articulações construídas pelo irmão Antônio de Rueda no plano nacional.
Na eleição de 2022, o União Brasil destinou ao candidato “Dr. Fabio Rueda”, de acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral, R$ 3.025.100. Além desse generoso caixa oferecido com recursos públicos, houve também doações de pessoas físicas e empresas. Entre pessoas físicas, a divisão foi feita nas seguintes quantidades e cifras.