A pesquisa Delta exige do ex-petista muita capacidade de diálogo e construção de um consenso mínimo entre os que abandonaram o governo de Cameli sem melindrar a corte do Palácio Rio Branco. É um jogo de cintura para poucos
Pesquisa Delta de intenções de voto pautou as atenções dos leitores no fim de semana. De todas as “leituras” possíveis, uma o ac24horas destaca: o caminho é muito delicado para Marcus Alexandre (sem partido).
Um leitor mais apressado poderia indagar: “Mas como isso é possível? Qual perigo possível para um pré-candidato que já sai com 59,5% das intenções de voto logo de largada?”.
A resposta é: todos os perigos estão à espreita deste candidato. Há quase um ano e meio do pleito, manter-se nessa dianteira de 48,33 pontos percentuais à frente do segundo colocado, Tião Bocalom, que marcou 11,17% da preferência do eleitor, não será fácil.
Bocalom ainda tem muitas armas para usar, embora tenha um exército frágil e despreparado. Se existe uma pessoa que deve ter muito cuidado e muita discrição para entrar em cena, apenas no momento exato, essa pessoa chama-se Marcus Alexandre. Ele deve ser a última vitrine a se expor ao eleitor.
Um candidato que sai à frente nas pesquisas, dizem os manuais de assessoramento político, exige cuidado especial. É uma regra que comprova os fatos. A estratégia inteligente é, portanto, medir, calcular, silenciar o máximo possível.
A medida para Marcus é a prudência, mesmo tendo o segundo colocado, Tião Bocalom, com uma rejeição poucas vezes vista por aqui: 43,50%. Vai ter que calcular tanto que nem essa vitrine pronta para apanhar chamada Bocalom, o ex-petista vai poder bater com muita força, apesar do número convidativo.
Marcus Alexandre já é pré-candidato. A comunidade já entendeu isto. Ele não precisa ser referendado. É uma etapa do trabalho que ele já venceu. O que faltam agora são detalhes importantes das alianças, partidos, sorrisos e muito café. Diferente de outras lideranças apresentadas na pesquisa que terão que provar que têm viabilidade eleitoral e que estão dispostas a correr o risco.
Outro detalhe que Marcus precisa observar na pesquisa Delta: Gladson Cameli. Marcus não pode desprezar a liderança do governador que cravou aprovação de 56% do eleitorado na Capital. Assim fica mais compreenssível.
A pesquisa Delta exige do ex-petista muita capacidade de diálogo e construção de um consenso mínimo entre os que abandonaram o governo de Cameli sem melindrar a corte do Palácio Rio Branco…”. É um jogo de cintura para poucos.
Por outro lado, Gladson não vai poder apostar em uma aliança que não seja a vencedora. Não pode correr o risco de querer surpreender a todos, como fez com Socorro Neri, e pegar balsa. Ele precisa da imagem de vencedor para apresentar na disputa ao Senado em 2026.
Talvez, o ponto mais delicado de Marcus Alexandre seja o MDB, que ainda abriga os Rocha e tantas outras lideranças que ainda lhe enxergam a estrela vermelha tatuada na testa. Mas talvez o charme de um Gilberto Kassab referendando o nome pelo PSD possa retirar o brilho dessa estrela.
Jarude deveria atentar para o que disse o ex-deputado João Correia em recente entrevista em uma TV local: “Acalme-se! O partido tem muito a lhe oferecer ainda!” Sem contar que, em uma mesa de negociação para formação de alianças, Jarude é uma carta estratégica de peso. O MDB só tem a ganhar.
A ex-prefeita Socorro Neri já adiantou que não será candidata. Caso mantenha a palavra, ela acerta em todos os sentidos. A Câmara dos Deputados lhe caiu como um presente generoso, amparado pela popularidade do governador.
Jenilson Leite, Minoru Kinpara e Michelle Melo têm muito trabalho interno a resolver antes de quaisquer movimentos mais ousados.