Charuto com tabaco cultivado no Acre é aposta para atrair investidores estrangeiros

O charuto Grand Amazônia, elaborado com tabaco produzido no Alto Juruá, virou a atenção de fabricantes e aficionados que participaram do Festival Origens, em Cachoeira (BA), no Recôncavo Baiano na última semana.

O Festival Origens reuniu especialistas de vários estados brasileiros que exibiram marcas de charutos produzidos em diversos pontos do Brasil. O Grand Amazônia, confeccionado manualmente e com forte aroma e sabor do tabaco acreano, está no ramo há dois anos.

A empresária Andreia Tanja morou durante muito tempo em Cruzeiro do Sul, onde teve contato com o tabaco de Marechal Thaumaturgo.

“Intuitivamente, pensei que esse tabaco poderia ser um diferencial para os apreciadores de charuto. Iniciei os testes em 2019 com especialistas do setor, que aprovaram a qualidade do tabaco do Juruá. Fizemos um blend (mistura) com o toque especial desse tabaco produzido na floresta e o resultado foi fantástico. Assim, colocamos no mercado o Grand Amazônia, em 2020”, disse ela.

Uma das motivações da empresária para investir nesse charuto é o aspecto sustentável da produção de tabaco no Alto Juruá. As plantações são no formato de agricultura familiar e acontecem em áreas degradadas ou paralelamente em rodízio com as culturas do feijão e do milho, sem nenhum tipo de desmatamento.

“Existem 50 famílias de plantadores de tabaco no Alto Juruá. Eu tenho comprado a produção total de 20 famílias. Mas a minha intenção é, com o sucesso do Grand Amazônia, conseguir comprar toda a produtividade de tabaco do município, mesmo porque a minha atividade permite que eu possa pagar quase o dobro do valor que os produtores recebiam pela venda do tabaco,” afirmou Andreia.

As famílias que plantam tabaco no Alto Juruá podem conseguir uma renda extra anual de R$ 50 mil. Isso com uma agricultura ainda incipiente. Mas com a divulgação do produto em outros estados e países, a tendência é que haja um aumento da produção e, consequentemente, da renda familiar na região.

O agrônomo Genádio Borges Fernandes, que mora em Cruz das Almas (BA), tem sido o responsável pela fermentação do tabaco acreano para o Grand Amazônia.

O cubano Diógenes Puentes, que tem uma badalada fábrica de charutos em Araraquara (SP), está fazendo parceria com o Grand Amazônia. Ele acredita no potencial do tabaco do Acre.

“É um produto diferenciado e os aficionados de charuto adoram novidades. Inclusive, acredito que esse tabaco pode encontrar um mercado ainda mais promissor no exterior. Já conseguimos resultados positivos com o Grand Amazônia, que está tendo uma venda surpreendente,” avaliou Puentes, que pretende visitar, em breve, o Alto Juruá para trocar informações com os produtores.

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