Transporte público é afetado pela alta do diesel e subvenção pública impede aumento da tarifa

Em Rio Branco, o recente aumento de R$ 0,22 no preço do diesel implica diretamente no transporte público do município, que vem tentando encontrar meios de seguir operando sem prejudicar a população desde o ano passado, quando o prefeito Tião Bocalom tomou posse e decidiu não repassar para as empresas de ônibus os valores em torno de R$ 2,5 milhões que haviam sido cogitados pela gestão anterior, da ex-prefeita Socorro Neri.

A respeito do aumento do diesel, o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos do Acre (Sindcol), Aluízio Abade, afirma que as empresas da capital acreana estão com uma média de consumo de 15 mil litros por semana – isso durante a pandemia. Antes da crise sanitária, esse consumo era de 25 mil litros por semana. Ele diz que quando a atual tarifa foi calculada, em julho de 2018, o diesel estava R$ 3,50 e hoje está R$ 4,89.

“O aumento foi muito grande, de R$ 3,50 para R$ 4,89, o que representa R$ 1,39 a mais em cada litro, fora o aumento de insumos, como pneus e lubrificantes, entre outros, além de cesta básica e também do salário de motorista, que aumentou de lá para cá, saindo de R$ 2.100 para R$ 2.239. Então, o impacto é muito grande, além do diesel com folha e insumos. Muito complicado”, disse Aluízio Abade.

Manifestação da Associação Nacional

Uma nota de posicionamento divulgada nessa quarta-feira (29) pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) expressa preocupação com a escalada de preços dos combustíveis, em especial do diesel, que move a frota nacional de ônibus urbanos, sendo um insumo fundamental para a prestação desse serviço essencial à população brasileira e à economia do país.

A NTU diz na nota que o diesel responde em média por 26,6% do custo total das empresas operadoras. Como os reajustes aplicados ao diesel este ano representam uma alta acumulada de 51% no preço do combustível, o impacto direto no custo das empresas operadoras do transporte público por ônibus urbano é de 13,5%, o que deve ser repassado, de imediato, para as tarifas públicas nos sistemas de transporte que não têm subvenção pública.

“A alta do diesel nos níveis atuais compromete de forma irreversível a recuperação do setor de transporte público, que registra prejuízo de mais de R$ 16,7 bilhões acumulado no período de março de 2020 a junho de 2021 em função da queda da demanda de passageiros pagantes, resultado das medidas de isolamento social para a contenção da pandemia da Covid-19. A crise já custou mais de 87 mil postos de trabalho no setor e levou à interrupção definitiva das atividades de 36 empresas operadoras pelo país”, diz a nota.

Na nota, a NTU apela ao Governo Federal, aos governadores dos estados e à direção da Petrobras pela busca de uma solução compartilhada para a questão, que conduza à uma nova política de preços que equacione o preço do diesel e demais combustíveis de forma efetiva e permanente, evitando altas expressivas e sucessivas que comprometem a prestação de serviços públicos, geram impactos inflacionários e afetam negativamente todos os brasileiros, em especial os mais vulneráveis.

Proposta de subvenção

Ao contrário de várias capitais brasileiras, Rio Branco tem uma proposta de subvenção, que pode salvar o serviço que é oferecido ao público. Após diversos protestos, a decisão foi revista e Bocalom voltou a considerar o repasse de verbas públicas às empresas por meio de projetos de lei encaminhados à Câmara de Vereadores por mais de uma oportunidade.

Ainda assim, a possibilidade de o município repassar dinheiro para que as empresas de transporte coletivo possam pagar o salário de funcionários e ainda reduzir a tarifa pelo Projeto de Lei que diminui de R$ 4,00 para R$ 3,50, não foi bem visto pelos vereadores. No entanto, durante a realização de uma audiência pública sobre o assunto, o superintendente de Transporte e Trânsito de Rio Branco (RBtrans), Anízio Cláudio de Oliveira Alcântara, afirmou que o PL consiste unicamente em uma política de redução de tarifa.

“O projeto visa reduzir a tarifa, inclusive esse PL tem o intuito de pagar as gratuidades dos idosos do transporte coletivo, que atualmente são pagos por aqueles que pagam o tarifa cheia. A redução de tarifa é fazer com que as pessoas paguem o transporte somente o equivalente ao seu deslocamento. As pessoas que pagam tarifa cheia estão pagando há anos as gratuidades do sistema do transporte coletivo”, afirmou. A matéria segue tramitando na Câmara Municipal de Rio Branco.

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