Fumaça no céu acreano produz luar vermelho alaranjado

A coloração vermelho alaranjada que pôde ser notada por quem observou a lua na noite desta terça-feira, 24, em vários pontos do Acre é resultado da alta concentração de fumaça das queimadas que tiveram aumento substancial no estado nas últimas 48 horas, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

De acordo com especialistas no assunto, o efeito é causado pelo contato entre a luz do sol e as partículas de fuligem suspensas na atmosfera antes de ser refletido até nós pela lua. Pelo mesmo motivo, o sol tem ficado bem vermelho ao nascer e ao se pôr neste período de queimadas abundantes na maior parte do território acreano.

A fumaça presente na região leste do Acre vem de diferentes lugares, como a parte sul do Amazonas, mas também é resultado das queimadas produzidas aqui no estado, principalmente na região dos municípios de Feijó e Tarauacá, os líderes no ranking de fogo nesta unidade da federação. O Acre registrou 556 focos de queimadas nas últimas 24 horas.

A concentração de fumaça na atmosfera representa queda na qualidade do ar que respiramos. No começo da manhã desta quarta-feira, 25, a maioria dos municípios acreanos apresentava níveis de material particulado fino (Raw PM2.5 in µg/m³) acima do padrão estipulado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 25 microgramas por metro cúbico.

Em Acrelândia, no sensor instalado na sede do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), o nível da qualidade do ar era de 61 microgramas por metro cúbico, patamar em que todos podem começar a sentir efeitos na saúde se ficarem expostos por 24 horas. Os membros de grupos sensíveis podem experimentar efeitos mais graves para a saúde com 24 horas de exposição.

Perigo no ar

De acordo com um estudo do Grupo de Trabalho de Problemas Respiratórios da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Sociedade (SBMFC), além de prejudicar a fauna e a flora brasileiras, as queimadas impactam diretamente na saúde da população.

O contato com a fumaça pode causar alergias, pneumonia, insuficiência respiratória e problemas cardiovasculares. “As partículas das queimadas ao entrarem nos pulmões aumentam a inflamação, o estresse oxidativo e provocam danos genéticos nas células de pulmão humano”, diz o estudo.

A poluição atmosférica, gerada pela queima de biomassa, tem sido associada ao aumento de morbimortalidade por doenças respiratórias, principalmente em função do material particulado – um composto tóxico e multielementar gerado por essa queima.

São partículas de vários tamanhos e, as menores (finas ou ultrafinas) quando inaladas percorrem todo o sistema respiratório e conseguem transpor a barreira epitelial (a pele que reveste os órgãos internos), atingindo os alvéolos pulmonares durante as trocas gasosas e chegando até a corrente sanguínea.

Além do material particulado o monóxido de carbono (CO) é outro composto prejudicial à saúde. Uma vez inalado ele também atinge o sangue, onde se liga à hemoglobina, impedindo o transporte do oxigênio para as células e tecidos do corpo. Como consequência ocorre um processo inflamatório generalizado, causando efeitos insalubres no coração e no pulmão, podendo em algumas situações causar a morte.

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