O número de mortes maternas confirmadas por Covid-19 em 2021 (494 mortes) já ultrapassa o total de mortes maternas de 2020 inteiro por Covid-19 (457 mortes).
Os números são do recém-lançado Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19), mostrando que no Acre foram registrados 15 internações maternas com duas mortes. Metade dos casos foi parar na UTI e 28,57% das internadas tiveram de ser intubadas.
Outro fato gravíssimo: desde o início da pandemia, aproximadamente uma em cada quatro gestantes e puérperas mortas com SARS-Cov-2 não tiveram acesso a unidades de terapia intensiva (UTI) e 34% não foram intubadas, derradeiro recurso terapêutico que poderia salvá-las.
O Observatório visa a dar visibilidade aos dados desse público específico e oferecer ferramentas para análise e fundamentação de políticas para atenção à saúde de gestantes e puérperas em relação ao novo coronavírus.
O OOBr Covid-19 foi criado e é mantido por Rossana Pulcineli Vieira Francisco (docente do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Sogesp), Agatha Rodrigues (docente do Departamento de Estatística da UFES) e Lucas Lacerda (estudante de graduação em Estatística na UFES).
Entre março de 2020 e 28 de abril passado (quando da mais recente atualização da base de dados SIVEP-Gripe do Ministério da Saúde), são 10.818 casos de síndrome respiratória aguda grave por Covid com 951 óbitos (8,4%).
Isso sem contar outros 10.416 de registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com 261 mortes entre gestantes e puérperas, que, na avaliação dos pesquisadores, podem ser também episódios de SARS-Covid-19.
Ainda sobre os óbitos, a média de óbitos semanal em 2020 é 10.16 por semana (457 óbitos em 2020 por 45 semanas epidemiológicas). Em 2021, a média de óbitos por semana é 30.88 por semana (494 óbitos em 2021 por 16 semanas epidemiológicas).